terça-feira, 29 de maio de 2012

O assassino clama se afastar do crack

Certa vez, diante de um homem, acusado em investigação policial de assassinato, tive que parar bastante tempo com ele. Isto porque quando estava no meio da entrevista, acabei por me ver a dar conselhos a ele. O homem falava sobre suas desventuras sobre o uso constante do crack, que apenas cometera o crime por causa da droga e que estava arrependido.

Por vezes é difícil saber sobre o arrependimento de uma pessoa. Mas desta vez, no Setor de Homicídios da Polícia Civil de Campinas, acreditei. Cri no que o homem me contava e em sua afirmativa de arrependimento a partir do momento em que se deixou gravar, em vídeo. Ele disse que desejava falar mesmo.

Questionei: "Já que você quer falar, que tal dar uma mensagem para que jovens não entrem neste túnel sem fim, que é o crack Que acha?". Após meditar, o homem me olhou: "Tudo bem. Não quero que mais gente fica perdida como eu. Vou falar".

Foi um dos depoimentos mais graves e emocionantes que presenciei em mais de duas décadas de trabalho no jornalismo. O homem chegou a chorar e a pedir perdão para toda a sociedade. Neste dia, saí do serviço com a impressão de que tinha sido correto, convencido de que eu ouvira a verdade da boca daquele homem.

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