sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tráfico: 20% de ganho nas vendas

O tráfico de drogas sempre a criar novas formas de burlar as ações policiais e a ser a tentação dos usuários. É isto que se fez descobrir, neste mês de junho de 2012, em Campinas. Como jeito de manter os seus vendedores em ações, os traficantes começaram a ceder o crack em kits, cada um deles com 25 pedras.

Como forma de incentivar o "serviço dos microtraficantes", os homens que detêm o entorpecente visualizaram uma forma diferenciada: para cada kit de 25 pedras, cada uma passada a R$ 10, o vendedor teria direito a R$ 50. Ou seja: 20% de ganho. Assim, se vendesse 100 pedras em um período, receberia R$ 200. Caso atuasse no tráfico por 25 dias no mês, obteria R$ 5 mil - quase dez salários-mínimos no valor vigente em maio/2012. Grande tentação, não??

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Munição de fuzil e Hosmany Ramos

Após alguns anos de cobertura jornalística, poucos, na verdade, tive minha primeira experiência com um caso em que foram usados fuzis. Foi em uma manhã fria de domingo, em Campinas, perto de uma base da empresa de segurança Brinks, que vi os primeiros cartuchos deflagrados de munição 5.56 - usada em fuzis. Eram os anos 1990, mais ou menos na metade da década.

A quantidade de cápsulas deflagradas, no Jardim Aurélia, era espantosa. Policiais militares e civis no começo da manhã na Rua Concheta Padula. Muito mistério em relação à munição até então muito rara. Nem eu podia entender o que ocorrera. Após uma conversa informal com a delegada Maria Fernanda, pude deduzir que algo, realmente grande, havia ocorrido.

Durante todo o dia fiquei a apurar o caso. Na época, não havia internet e as informações de fora da cidade chegavam por telex. As máquinas barulhentas traziam informes de todos os lados. Apenas no final da tarde, pude ter ideia do que ocorrera, após juntar diversos fatos, como se fosse um quebra-cabeça. E o caso era, efetivamente, grande.

Tratava-se, nada mais, nada menos, de ter como envolvido o ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos. Ele, na época, estava envolvido no sequestro de um cafeicultour do Sul de Minas Gerais. O desfecho do caso foi em Campinas. Hosmany e um comparsa foram presos após confronto com policiais mineiros do Deoep. Eram destes agentes as munições deflagradas achadas no bairro campineiro. Durante o embate, Hosmany e o comparsa foram baleados. Mas socorridos ao Hospital de Base da cidade mineira de Pouso Alegre.

Apenas na noite é que se pôde descobrir esta relação de Hosmany com os tiros de fuzil. Foi após este confronto que o sequestro terminou. E a Polícia de Campinas nada sabia sobre a ação dos colegas mineiros. Hosmany, um médico e playboy dos anos 1970 e que enveredou pelo mundo do crime, inclusive com roubo de avião, estava preso, após a ação em Campinas. Pois é: um criminoso famoso em uma história em que eu apurava. Foi uma grande surpresa. Jamais iria imaginar que Hosmany escreveria depois livros, fugiria para fora do país e continuaria na mídia.

Os encontros e o profissional

Uma das melhores formas para se tornar um profissional legal e sempre ligado é participar de encontros estudantis, seja apenas com o pessoal do mesmo curso, como também de outros. Durante o período de universidade posso dizer que muito aproveitei e cresci com estes eventos. De Campinas fui a vários encontros, nos anos 1980. Ribeirão Preto, Bauru, Brasília, Campinas mesmo, São Paulo.

Foram momentos de muita emoção e total entrega, pois pude trocar ideias, experiências com pessoas de diversos lugares. Isto me propiciou o ententimento de como a vida profissional pode ser, da importância do respeito entre as pessoas e do jeito de entender posições diferentes.

Penso que dois eventos mais marcantes foi o Encontro Nacional de Comunicação, ocorrido na Universidade de Brasília, em 1986. Saímos de trem de Campinas e, após 22 horas, desembarcamos na Capital Federal. Foram seis dias de muita discussão, muitos assuntos tratados, avaliações políticas. Mas, é lógico, regado a festas e visita a alguns pontos de Brasília. Momentos de muita emoção ao conhecer pessoas de vários Estados do Brasil. Tudo transcorreu na mais perfeita ordem. Cresci muito com este evento. Até hoje guardo grandes lembranças. Tempo bom... De muita emoção...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Nika, a mulher sem rosto

Crime sempre choca e é cruel, idependente de quem seja a vítima ou a forma como é praticado. Discordo da expressão de algumas pessoas, quando falam ou escrevem "assassinato violento" ou "crime com requintes de crueldade". Esta característica de como encarar estas situações é que, em anos de tralhalho na apuração de assuntos policiais, o assassinato de uma moça, simplesmente identificada como Nika, fez-me jamais esquecer o crime.

Embora ocorrido nos anos 2000, ainda permanece bem claro, em minha mente, a forma como a moça, possivelmente usuária de drogas, foi morta. O corpo foi encontrado jogado em terreno baldio da Avenida Carlos Lacerda, na região do Campos Elíseos, em Campinas. Muita magra, a moça, branca, apresentava diversas lesões pelo corpo.

Mas o que mais despertou a atenção foi a forma como estava seu rosto. Quem praticou o crime, praticamente fez um trabalho de cirurgião, pois toda a pele do rosto de Nika foi retirada, como que a usar um bisturi. Ela se transformou na "mulher sem rosto". Ficou apenas parte do cabelo na nuca. Dos olhos, apenas se notava existirem por causa dos buracos profundos, onde ficavam antes de o corpo perder sua pele. Os olhos podem ter sido comidos por animais, como cães.

Os cortes feitos para a retirada da pele do rosto eram, efetivamente, perfeitos, sem deixar marcas a mais do que as necessárias, como em cirurgia plática. Era como se a moça tivesse uma máscara, que fora arrancada dela. Ela morava perto de onde o corpo foi encontrado pela Polícia Militar. Possivelmente foi assassinada e desfigurada por traficantes, a quem, de acordo com informações à época, tinha dívidas. A imagem da "mulher sem rosto" ficou como marca em minha vida profissional.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cortou órgão e disse ter matado a mãe

Uma das histórias mais complexas com que me deparei, em vários anos, ocorreu por volta de 2010. em um final de semana, um rapaz se trancou em sua casa, em Campinas, e, em um acesso de fúria ou de estar fora de si, autoflagelou-se. Simplesmente arrancou seu pênis, com o uso de uma faca. Ainda tentou cortar os pulsos, mas em vão.

Diante do ocorrido, o pai do rapaz providenciou o socorro para um hospital. Ele foi medicado e permaneceu internado por bom tempo. Eis que, durante a verificação de policiais pelo motivo que o levara a automutilação, uma descoberta: o rapaz relatou que cortara o pênis por ter atentado contra a própria mãe, que ouvira uma voz a ordenar que fizesse o corte do órgão.

Como se não bastasse esta explicação, outra dado na história: ele alegou que matara a mãe. Que cortara o corpo dela e jogara em terreno de uma bairro da cidade. Como muito falou sobre isto, equipes do Setor de Homicídios de Campinas foram para este local à procura do corpo. Até uma retroescavadeira foi utilizada. Mas nada de corpo.

Assim, mesmo com a afirmativa do rapaz, jamais se encontrou o cadáver da mulher que, pelo que consta, também nunca mais foi vista. O investigado passou bom tempo internado e depois poderia responder na Justiça pelo crime. A situação ficou em aberto então. De corpo, nada; as vozes que o rapaz disse ouvir, também nada. Se ele melhorou as histórias que contara, não sei... Mas por bom tempo ele foi notícia...

A delicada checagem de um assunto

Um jornalista para se sair bem tem que ter muito cuidado no momento de abordar os assuntos para os quais é destinado. Um dado básico: jamais acredite em apenas uma plavra, ou seja, em uma só fonte. Cruzar informações com diversas pessoas é, pelo menos, um ato decente e de cuidado, mesmo que a fonte seja sua e de extrema confiança. Pois fontes podem se enganar.

Ponto importante na forma como encadear uma apuração, a fonte pode ser de anos, de alguns meses ou dias. Mas sempre dá uma versão do fato apenas. Por isto, é preciso conversar com outros lados, como forma de compor o cenário do assunto que está a apurar. Um grande exemplo é que questão de informações obitdas em registros policiais, como o Boletim de Ocorrência (BO).

Não é de boa ação crer, de forma integral, no BO. Mesmo pois, como se fala, "o papel aceita tudo". Ainda mais em termos de nomes. Quando se tiver uma identificação, por exemplo, em caso de assassinato, sempre é, de bom grado, cruzar dados com o Instituto Médico Legal (IML), que é o local onde a vítima é identificada oficialmente, ou com parentes.

Se isto não for possível, o melhor é deixar sem citar nome e depois, em continuidade à história, que em jornalismo chamamos de suíte, apontar o nome da pessoa. Todo cuidado sempre é e será pouco para se evitar erros. É para pensar muito nisto mesmo...

Cadeirante se dá mal no tráfico de drogas

Tudo se encontra no mundo do crime. As mais variadas pessoas, os mais diversos modos de atuação, uma diversidade incontável de vítimas. Desta vez, a história é sobre um traficante. Aproveitando-se de ser paraplégico, ele agia na venda de drogas no Centro de Campinas. Crack e cocaína eram sua especialidade. Até o dia, ou melhor, noite, em que guardas municipais acabaram com a brincadeira.

Ao ser abordado, perto de um terminal de ônibus, os guardas encontraram com o homem, sentado em uma cadeira de rodas, pedras de crack. O dinheiro ele guardava na cintura, por dentro da calça, de forma a dificultar ser encontrado, pois ele ficava quase sentado em cima da grana. Ainda tentou se desvencilhar da droga, mas não houve êxito, e acabou detido.

Anos antes, na metade da década de 1990, um homem, também com deficiência nas pernas, foi preso, mas em Sumaré, cidade perto de Campinas, também na venda de drogas. Com uma diferença: não usava cadeira de rodas, mas um jipe, daqueles que possuem pedais e crianças usam. Tanto que o apelido do traficante era "Jipinho". Para ser levado para a delegacia, policiais militares tiveram de pegar o jipe por dois lados e depois colocá-lo junto da mesa do delegado.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Caixa, caixão, mistério na redação

Em qualquer atividade profissional, sempre existem situações vivenciadas no dia a dia que ficam na memória. No jornalismo não é diferente. Cada profissional tem sua forma de escrever, de entrevistar, de anotar... e até de guardar seus pertences. E eu, como ser comum, não poderia ser diferente. Eis que para guardar minhas coisas no trabalho, sempre procurei ser racional e organizado.

Após certo tempo na mesma empresa, a gente começa a juntar uma série de coisas, de forma que parte delas não são tão necessárias, mas passam a compor o cenário do local de trabalho. Eu tive, por vários anos, uma enorme caixa de papelão, retangular, que deveria ter 1,5 metro por uns 90 centímetros. Usava-a para guardar blocos de anotações que entendia que, um dia, ainda poderiam ser usados para verificação, alguns livros, fotocópias de reportagens e, até, vejam só, um pedaço de cadeado e outro de grade (recordações de duas cadeias anexas a delegacias e que, ao serem "desmontadas", guardei como recordação.

Mas com o passar do tempo, muita gente mudou na redação, estagiários passaram, funcionários de diversos setores mudaram... Assim, não restou outra alternativa para explicar a existência da tal caixa, já com ares de caixão. Ao perguntarem o que nela havia, a resposta passou a ser rápida e rasteira: restos de um corpo, que retirei de um local de assassinato.

 Assim, a caixa, caixão passou a ser um tipo de lenda urbana jornalística. Assim, a cada nova pessoa que aparecia, a história do caixão era relatada. Nem o pessoal da limpeza ousava pôr as mãos nela. E assim ficou por muito tempo, até que a joguei fora. Pensam que o conteúdo foi embora? Não...Arrumei uma caixa menor, joguei algumas coisas fora, mas continuei com outras, ainda. E acho que por um bom tempo.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sequestro-relâmpago: a expressão

Tipo de crime bastante difundido, infelizmente, desde os anos 2000, o sequestro-relâmpago - quando bandidos mantêm uma pessoa refém e a levam para obter algum ganho - seja roubar pertences ou efetuar saques em caixa eletrônico - teve, como ponto de partida, Campinas, no Estado de São Paulo. Pelo menos em termos de a mídia passar a qualificar o crime com este nome. Ou seja: este tipo de delito foi batizado em redação de jornal de Campinas.

O surgimento do termo não é incomum a tantos outros da Língua Portuguesa. Quando você tem algo, alguma coisa, que aparece, se cria de uma hora para outra, é preciso ter uma designação. Foi assim com o sequestro relâmpago. Começaram, no final dos anos 1990 a acontecerem casos em que as pessoas, vítimas, eram rendidas e levadas pelos bandidos. Mas soltas, geralmente, em pouco tempo. Daí o termo relâmpago, acoplado ao sequestro - que mostra uma pessoa retida por ladrões.

Assim, não demorou para que o termo passasse a compor o dia a dia das reportagens policiais. Começou, também, por este motivo, a chamar a atenção da Polícia. Se bem que por muitos anos o sequestro-relâmpago entrava nas estatísticas de roubo. Até que o governo paulista decidiu por uma contagem de casos separadamente. Foi uma vitória da mídia que, mais uma vez, colocou o dedo em uma questão da sociedade e conseguiu alterar o rumo de determinado assunto, que ficou mais claro à população.

Ataíde, policial e fazedor de café

Um policial à antiga. Assim era Ataíde. Depois de muitos anos no corre-corre de trabalhos externos, no começo dos anos 1990 ele tomou decisão. Foi trabalhar nos plantões de Campinas da Polícia Civil. Assim, atuava 15, 18 horas seguidas e ia para casa. Retornava pouco mais de um dia depois para novo embate no distrito.

De voz rouca e sonora, o agente policial (uma das categorias em que a Polícia Civil de São Paulo é dividida) estava sempre à disposição dos colegas da equipe de plantão. Mesmo que não fosse o delegado. Conhecedor da vida nas ruas, consegui, à distância, sacar quando uma pessoa aparecia na delegacia, contava uma história, e que não era real, em que posava de vítima, mas não o era.

Ataíde, sempre pronto para atender as pessoas no balcão, olhava fundo nos olhos destas pessoas e sentia o cheiro da verdade ou da mentira. Carregava sempre seu revólver 38, surrado, mas sempre bem cuidado. E municiado. Quando algum colega precisava de ajuda em alguma ocorrência, lá estava o homem de bigode para estender a mão.

Além do serviço na delegacia, ele também estava sempre ligado no que ocorria em outros distritos policiais. Era um poço  de informações. Ainda mais para repórteres que ele gostava e respeitava. Servia até café - era dele o melhor café que já tomei em uma delegacia. Água quente na temperatura correta, coador de pano, garrafa térmica toda arrumada. E mais um cafezinho delicioso.

Mas, como toda história tem um mas, um dia Ataíde, o coração do homem do bigode, da ajuda mútua e do cafezinho, fora de serviço, vacilou. E parou. A notícia da morte caiu como um pesadelo sobre todos. Por muito tempo, ainda entrava na delegacia, quando era a equipe dele em serviço, e esperava encontrá-lo, para contar histórias e oferecer aquele cafezinho.


                                       em memória de Ataíde

Golpe do bilhete e a ganância

Desde que me recordo, lá pela metade dos anos 1980, quando comecei oficialmente no jornalismo, um golpe permeia o cotidiano. É o que envolve o bilhete, o golpe do bilhete premiado. E não me digam que em eras de tecnologia avançada, como em 2012, ele não mais seja aplicado. Como, podem me perguntar? Quando todo o mundo, com a globalização, tem acesso à informação, o que motiva uma pessoa a cair na cilada? Vamos por partes, então.

Primeiro, o que vem a ser o tal golpe do bilhete. É um jogo feito, em que, geralmente, duas pessoas ardilosas participam na ação. Uma delas, que é comum fazer o papel de "caipirão", que não conhece a vida direito, com pouca instrução, que aborda a pessoa olhada como a vítima. Este bobão se aproxima, diz que tem em mãos um bilhete premiado e que precisa ir a um banco para receber o dinheiro. Mas há um problema: não tem como efetuar o saque, pois não possui conta bancária.

Assim alega que necessita de alguém para fazê-lo. Por vezes, o trapaceiro muda o roteiro. Troca a necessidade da conta em banco para uma pessoa que saiba ler e escrever, pois é analfabeto. Seguindo: como precisa de alguém para ajudar, o golpista diz que dará uma recompensa para quem lhe auxiliar na empreitada, seja no banco ou na hora de escrever algo para receber o pagamento.

Então entra o tópico dois do golpe: o trapaceiro oferece uma bonificação para ser ajudado. Diz ao alvo do golpe que dará um prêmio por ser auxiliado. Então entra, aí, o que encaro como fator ganância: a pessoa que é abordada se interessa para a ajuda, já com olho na recompensa, que normalmente, por incrível que pareça, é de um valor alto, por vezes semelhante ao do próprio prêmio do bilhetes.

Vamos ao terceiro ato: chega um segundo golpista, que também se propõe a ajudar e que, em tese, fica de olho na recompensa - tudo mentira, apenas para o eleito-vítima ficar ainda com a vontade mais aguçada. Feito isto, o bobão diz que precisa de certa quantia para abrir a conta no banco. Para tal, a pessoa lhe daria o dinheiro e ficaria com o bilhete prêmiado até que o bobão fizesse a ficha no banco e retirasse a grana. Depoies ele devolveria o dinheiro emprestado, somado a um montante sacado no banco.

E aí é que o plano fecha: o golpista pega o dinheiro da vítima e some; a vítima fica com o bilhete com prêmio em valor superior ao que emprestou nas mãos. Mas com  premiação fajuta. Então temos o quarto ponto do golpe: a pessoa descobre, depois de algum tempo, quando o golpista não retorna, que foi ludibriada.

Agora em análise racional: no mundo em que vivemos, como alguém com bilhete premiado, deixa-o nas mãos de um desconhecido, que lhe empresta uma quantia menor? E ainda diz que irá devolver o dinheiro, somado a uma recompensa? O que levou a vítima a se transformar em vítima: a bondade ou a vontade de levar vantagem sobre o suposto bobao? Vale refletir....

terça-feira, 5 de junho de 2012

Atenção: marca exemplar de repórter

O repórter é, sempre bom, ter boa memória. E estar antenado com as informações com que lida. Em determinado dia, de junho de 2012, apurei o caso de um Honda Civic, roubado na noite anterior, por dois bandidos em uma moto. A informação se transformou em uma nota. Isto por volta das 10h.

Eis que, depois de umas quatro horas, outra história surge: o assalto em uma casa em bairro de Campinas. Após as primeiras informações, obtenho oportunidade para escrever algumas linhas e alimentar o site, inclusive com a prisão de um dos ladrões. Pouco depois, em novo telefonema (foi uma época em que estava interno na redação), policial militar me conta que dosi carros foram recuperados.

"Os dois carros foram roubados da casa?", questiono. O policial diz que sim, ambos os veículos roubados, mas apenas um da casa. Volto com mais uma pergunta: "Quais os modelos?". A resposta: Palio e Honda Civic.

Diante desta informações, comentei com o policial militar que, horas antes, havia escrito nota sobre o roubo, na noite anterior, de um Civic. "Nossa, fiz a nota sobre um Civic prata, ano 2000, roubado no bairro Cambuí". O policial se atém: "Como, onde?" Respondo; "No Cambuí. O carro é de placa EGL...". Nem acabei de falar a placa.

O policial completou com a numeração. Ou seja: achei coincidência ter feito nota sobre roubo de um Honda Civic e um carro de mesmo modelo ser usado no assalto á casa. E mais; minha desconfiança gerou resultado. Por estar ligado nas histórias, consegui juntar as duas neste dia. A do mero roubo do carro e do assalto à casa e recuperação dos veículos. Se não estivesse atento...

Alicate-arma não resolve para bandido

Existem situações em que bandidos se deixam levar muito pela imaginação e acham que sempre vão levar a melhor. Pois este é um caso exemplar ocorrido em Campinas: um homem, de 33 anos, invadiu casa de bairro da região Oeste da cidade, em uma madrugada. Sabe o que empunhava para render os moradores? Um alicate de corte. Sim, exatamente, um alicate de corte.

Após pular um muro e uma janela, o bandido se viu no quarto de um dos moradores. Anunciou o assalto. Mas eis que, enquanto fazia ameaças com o alicate, que simulava, por baixo da blusa, ser um revólver, outro morador entrou no cômodo. Subitamente, o ladrão se viu cercado pelas duas vítimas. Atracou-se com um dos homens. E levou a pior.

Desarmado, sem seu alicate-arma, o bandido foi em seguida entregue para a Polícia Militar (PM), que o levou para uma delegacia da Polícia Civil. O alicate ficou apreendido. E a lição para o acusado: alicate é alicate, arma é arma... Teve tempo para pensar nisto na cadeia.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Iguana é motivo de briga familiar

Uma disputa familiar motivada pela posse de uma iguana levou todos os envolvidos, inclusive o animal, para a Polícia Civil em Campinas, em uma manhã de maio de 2012. Foi um dos casos mais incríveis com que tive contato nos últimos anos.

Entre várias versões, investigadores do 5º Distrito Policial (Jardim Amazonas) foram até a casa de dois irmãos, na Avenida da Saudade, bairro Ponte Preta, para que fossem para a delegacia com a iguana a fim de prestarem depoimento. Era uma quinta-feira.

Um tio dos rapazes, vindo do Rio de Janeiro, também esteve no 5º DP e falou sobre o caso para os policiais. Após as alegações dos envolvidos, policiais civis levaram a iguana fêmea a um veterinário, que elaborou laudo e onde o bicho permanecerá até a decisão final da Polícia Militar Ambiental sobre onde ficará depois. Os irmãos já deram entrada em documentação para que fiquem com a iguana Esmeralda.

A história da iguana teve em Campinas seu primeiro capítulo em um sábado à  tarde, três horas após os dois irmãos desembarcarem do ônibus que os trouxe do Rio de Janeiro. A denúncia de que o animal foi trazido da cidade carioca de forma irregular, retirada de um local e sem documentação partiu do tio dos rapazes.

O homem ligou para a Polícia Militar Ambiental de Campinas, que achou os acusados e o bicho. Um Boletim de Ocorrência (BO) foi elaborado no 1º Distrito Policial (Botafogo). A iguana ficou com os rapazes, que se prontificaram de ser fiéis depositários (responsáveis) pelo bicho até que o caso fosse apurado pela Polícia Civil.

Na quinta-feira, os irmãos foram levados para o 5º DP. O tio veio do Rio de Janeiro e os encontrou na delegacia. Então partiram para os depoimentos. O homem quer o animal de volta. Os irmãos, que moraram durante três meses com o tio e voltaram a Campinas, disseram na Polícia Civil que ganharam a iguana de um outro rapaz, que não queria mais o animal. Diante das várias versões, foi determinado que o réptil fique no veterinário até o final dos trâmites na Polícia Ambiental.

Crack "naquele lugar" para não se achar

Já é de pleno conhecimento que para garantir o "serviço", quem atua no tráfico de drogas não nega esforços para ter boa "produtividade" e, para isto, se precisa não perder a mercadoria. Era isto que uma moça fazia, em Campinas, ao ser descoberta por policiais civis da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise).

Ela foi detida pelos agentes da Dise quando estava em um bairro onde se tem informações sobre esquinas amplamente usadas como pontos de vendas pelos traficantes. Ela foi surpreendida quando guardava seis pedras de crack no ânus, como forma de, ao ser revistada, nada ser achado e não perder a "mercadoria".

Ela, entretanto, não contava com a desconfiança dos agentes da Dise, que a detiveram e que seria passada por revista de uma policial civil mulher. Qual não foi a estranheza da policial ao achar o entorpecente "naquele lugar". "Não houve jeito. A droga foi achada. "Era o lugar onde ela armazenava o crack", ponderou o delegado Oswaldo Diez Jr.