sexta-feira, 30 de março de 2012

Agenda gigante após muitos pedidos

Um colega de redação de jornal, muito falador, vivia sempre a pedir telefones para todos, a fim de que pudesse fazer suas reportagens. As pessoas colaboravam. Mas ele nao. Ou seja: anotava em um dia e, tempos depois, quando precisava do mesmo telefone, já tinha jogado a anotação  fora. Assim, pedia de novo o mesmo número.

Este procedimento era constante. Ele não se cansava em pedir. Mas os colegas começaram a ficar chateados com a situação. Desta forma, em uma época de férias dele, resolveram montar uma agenda para o colega. Mas não em um caderno.

Uma bobina de papel, daquela que se roda jornal, foi colocada no lugar onde o jornalista sentava. E no passar dos dias, conforme as pessoas lembravam de telefones que ele pedia, anotavam na bobina. Resultado? Passado o mês de folga, no retorno às atividades, o colega deu de cara com sua agenda. Parecia um longo pergaminho. Ele não deixou de perguntar, mas reduziu as solicitações...

Pernas trêmulas e lágrimas no rosto

Até aquela data, mesmo com tantas histórias de violência, ainda não tinha reparado que as pernas podiam treme, o coração acelerar e as lágrimas aparecerem. Mas sempre há uma primeira vez. Tarde de um sábado, quase final de plantão, ligação da Polícia Militar. Sargento Gomes, uma pessoa que depois viria a conhecer pessoalmente, com alegria, comenta sobre um caso.

Ele diz ter viaturas no Jardim Fernanda 1, área periférica, Sul de Campinas. Uma mulher jovem e uma criança mortas. Aliás, um bebê. Foi difícil até engolir ao saber disto. Mas era preciso ir ao local. Fui. Ao chegar, o cenário era desolador: a mulher, de 17 anos, morta com tiros em um caminho aberto no meio do mato.

Alguns metros adiante, a cena aterrorizante: uma bebê, de 10 meses, morta. Sem sinais de tiros ou facadas. Possivelmente foi chacoalhada com tanta violência pelo assassino da mãe dela, que também morreu. Ao olhar aquele pequeno corpo envolto em uma manta, as pernas tremera, o coração acelerou e as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto.

Pedi licença ao policial com quem conversava. Fui até o carro do jornal, encostei-me. Respirei fundo até que me sentisse mais forte para suportar aquela cena. Consegui terminar o trabalho. Mas nunca me esqueci deste dia, que não guardei na memória a data correta. Nem precisava, pois foi muito triste. Como se não bastasse, na semana seguinte, no mesmo bairro, o corpo do pai da criança foi encontrado dentro de um poço.

Ou seja: toda uma família exterminada. O motivo? Estas pessoas tinham emprestado um sofá para um homem, com quem fizeram amizade. Mas pediram de volta este sofá, meses depois, pois tinham conseguido erguer mais um cômodo na casa. O homem não aceitou isto e decidiu pela violência total, em que mesmo uma bebê não foi poupada.

Guarda-chuva infantil é alvo de ladrões

A cada dia, uma surpresa. Com certeza... Policiais militares do 35º Batalhão prenderam dois homens acusados de invadir casa para assalto, em Campinas, e se apossarem de um guarda-chuva infantil, um videogame e R$ 8. O ataque da dupla foi na Rua Antônio Torquato, na Vila Campos Sales, região do Nova Europa, área Sudeste da cidade. os dois assaltantes agiram na noite de quinta-feira (29 de março de 2012) e renderam para realizar o crime uma mulher de 40 anos e o filho dela, de 11 anos.

Após a fuga, os policiais militares foram acionados e detiveram um dos suspeitos, de 34 anos, na rua. Ele carregava R$ 8 e na casa dele foi achado o guarda-chuva. O comparsa dele, de 28 anos, foi preso com o videogame.

Ele já era procurado da Justiça por determinação da 3ª Vara Criminal de Campinas. A dupla foi levada para a Central de Flagrantes da Polícia Civil, autuada por roubo e depois encaminhada para a cadeia anexa à Delegacia do 2º Distrito Policial (São Bernardo).

quinta-feira, 29 de março de 2012

As grades encaixadas em Campinas

Campinas, ainda no começo da primeira década dos anos 2000 ainda tinha três cadeias ligadas a Delegacias de Polícia Civil. Todas superlotadas. Eis que o governo estadual decidiu por desativar duas delas - no 5º DP (Jardim Amazonas) e no 4º DP (Taquaral). Como não poderia deixar de ser, começou-se a contagem regressiva para o final destes locais.

Os presos d o 4º DP chegaram a ser retirados, mas obras de reconstrução do local para se tornar dependências mais adequadas da delegacia não começavam. Por que? Pois o governador tinha que vir até a cidade para derrubar as grades.

Em determinado dia, presente eu estava, quando em conversa com policiais, soube da intenção deles de acabar com as grades. E começaram a derrubar parte delas. Eu mesmo consegui fotos do fato. No dia seguinte, notícia no jornal, e alvoroço. As grades não deveriam ser retiradas até a vinda do governador Mário Covas (PSDB). O que fizeram então: Recolocaram as grades, de forma encaixada. Tempos depois veio o político e com pontapé as derrubou. Nem desconfiava ele do que tinha ocorrido. Nem nunca soube.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Bola é baleada em final de ano


Último dia do ano. Sempre ocorria partida de futebol em um campo do Parque Universitário, na região Oeste de Campinas. Mas em virtude de briga de vizinhos, naquele ano, se não me falha a memória pela metade da primeira década do século 21, o responsável pelo campo não aceitou a partida. Trancou o portão  e nao apareceu.

Mesmo assim, o pessoal pulou o alambrado e passou a disputar a partida comemorativa. Mas, de repente, o responsável pelo campo apareceu e, de revólver em punho, fez vários disparos na direção da bola, que foi atingida. Com a bola murcha e o susto, o jogo logo acabou. Policiais militares prenderam o homem e o levaram para o 9º Distrito Policial (Jardim Aeroporto), assim como a arma e a "bola baleada". O homem ficou preso por causa do então recente Estatuto do Desarmamento. Triste final daquele ano...

terça-feira, 27 de março de 2012

Milho caro, mas quase fatal

Milho é muito bom. Mas é preciso tomar cuidado com a procedência. Pelo menos é isto que devem ter aprendido algumas pessoas que, no começo dos anos 1990, invadiram plantação na Fazenda Santa Elisa, em Campinas, e furtaram centenas de espigas. O milharal lá era extenso. Com um porém: era experimental. Compunha fase de um estudo genético de melhoria de espécie do milho. Assim, era para estudo.

Mas em determinada manhã, um funcionário da Fazenda Santa Elisa, que é ligada ao Instituto Agronômico Campinas (IAC), descobriu a invasão do local, por um buraco aberto na cerca. O caso foi registrado em delegacia de Polícia Civil. Algumas pessoas tinham sido vistas ao carregar sacos lotados de milho. Mas nenhuma foi identificada.

Ao saber do fato, o caso virou notícia. E acabou sendo triste, ao perceber que durante entrevista, o responsável pela pesquisa quase chorou. "Foram anos de experimento perdidos. A pesquisa terá de começar de novo", afirmou. E era verdade. Além disto, na época, pelo valor aplicado nos estudos, cada espiga furtada valeria em torno de R$ 1 mil. Milho caro. 

Pior: não deveria ser consumido, pois era geneticamente transformado e não se sabia a chance de uma ação contrária no organismo. Se isto ocorreu, não sei. Pelo menos à época não soube de qualquer pessoa morta (assassinada - risos) por uma espiga de milho.

"Estou de volta pra casa"

Hortolândia, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) proporcionou um dos momentos que mais extremeceram. Não pelo lado, mas bom. Entre final dos anos 1990 e começo da década de 2000. Um garoto, então com uns 10 anos, some de casa. A mãe, funcionária pública municipal, cai no desespero. Como de costume, pelas manhãs, a lida era procurar notícias. E assim descubro o desaparecimento do menino.

Com levantamento de dados, a reportagem sobre o desaparecimento do garoto ganha corpo. Uma foto da mãe que segurava o retrato dele é feita e publicada no jornal, capa. No dia seguinte, o menino é encontrado, após um homem o vir em Campinas e chamar a Polícia Militar. A mãe avisa no jornal e a notícia do encontro é publicada. Dias depois, fui a Hortolândia conhecer o garoto de perto. Extremeci quando percebi o quão bom foi o retorno dele.

História acabada? Não. Anos depois, vou a Hortolândia para outra história, triste, homicídio. No 2º Distrito Policial aguardo o momento de ser atendido pelo delegado. De repente, uma mulher se aproxima. "Você não é o Adagoberto?". Acenei com a cabeça positivamente. Ela diz então: "Sou a Ana. Faz uns anos você fez a história do meu filho desaparecido e encontrou ele, trouxe ele de volta pra casa". Agora ele já está até no Exército". Assustado, atordoado, incrédulo. Talvez mais palavras eu poderia usar para mostrar aquele momento. Mas resumo com apenas uma: emoção. E um pensamento: dever social cumprido.

Reconhecido na cadeia

Em um dos momentos da vida profissional, a gente se surpreende. Foi o que ocorreu no começo dos anos 2000. Ainda havia cadeias em Distritos Policiais de Campinas. Certo dia, na cobertura de uma rebelião no 5º DP, os presos exigiam a presença da imprensa. Estava eu lá e, ao ouvir o pedido, entrei na carceragem.

O local era para abrigar 24 homens, mas havia cerca de 200. No momento em que entrei na carceragem, com outros colegas de imprensa, houve aglomeração dos presos na grade que dividia a carceragem do pátio de sol.

Uma confusão. Todos falavam ao mesmo tempo. Após entrevistar alguns, já me preparava para sair, quando ouvi um rapaz me chamar. Depois apareceu outro. Um deles disse: "o senhor lembra da gente. Fez entrevista quando a gente foi preso depois de roubar uma advogada". Parei e lembrei da dupla.

Um deles continou. "O senhor disse, quando eu perguntei, que a gente ia ficar uns 45 dias preso, se tivesse advogado. Mas já faz quase 60 em nada. O senhor pode ver isto pra gente?". Após este dia, passei a acreditar que as pessoas presas poderiam me reconehcer fora do serviço, coisa em que não acreditava. Aprendi uma lição: tomar mais cuidado e não me mostrar muito ao entrevistar os suspeitos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Viatura clonada tem inscrição errada

A primeira viatura clonada por bandidos em Campinas, em São Paulo, foi descoberta no começo dos anos 2000, ainda quando estava escondida em uma garagem. Era uma réplica de viatura da Polícia Civil. Parte dela ficou do lado de fora do ponto de estacionamento, fato que despertou atenção de policiais militares que faziam ronda pelo bairro Campos Elíseos.

Até que um ponto despertou ainda mais a atenção. Pouco tempo antes, as delegacias regionais tinham passado a ter o nome de departamento. E exatamente esta viatura tinha a inscrição delegacia regional. Assim, os policiais militares, com o cabo Maurício, entraram no local e descobriram se tratar de uma viatura de mentira, uma viatura clonada, pintada em preto e branco, e que era para ser usada como veículo de São José dos Campos.

Assim, o veículo foi apreendido. A tinta ainda estava fresca. Era uma Blazer. O erro dos bandidos foi exatamente na inscrição da viatura. Azar deles na oportunidade. Sorte da sociedade na ação da PM.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Lingeries para quase 500 noites

Para os bandidos que roubam cargas ou algo assemelhado a elas nada tem mais enfoque. Na semana inicial deste março de 2012, ladrões renderam dois homens que estavam em um veículo recheado de lingeries, em Campinas. Eram calcinhas, soutiens, baby-dools dos mais diferentes tipos, de oncinhas a peças vermelhas.

Para o ataque usaram um carro para bloquear o dos vendedores/entregadores que trabalhavam na região Oeste de Campinas. Rapidamente, renderam as duas pessoas e as levaram reféns até que tudo fosse saqueado. Os bandidos fugiram com cerca de 1,5 mil peças. Se 2012 tem 366 noites, o que foi levado dá pra uns dois anos....

quinta-feira, 1 de março de 2012

Vaidade leva para cadeia

Fevereiro de 2012. Em menos de uma semana, dois casos de furto em Campinas, SP, em que homens foram detidos pela vaidade. Em um deles, um colombiano foi flagrado quando tentava se apossar de 14 tubos de tinta para pintura dos cabelos. Em outro, dentre vários pertences de que se apossou, estava um pote de gel, exatamente para deixar seu cabelo certinho. No frigir dos ovos, ambos se deram mal e acabaram presos. No caso do colombiano, a comparsa dele, uma loira, conseguiu fugir com 20 alicates para unhas. Mulheres mais espertas, com certeza....