quinta-feira, 14 de junho de 2012

Caixa, caixão, mistério na redação

Em qualquer atividade profissional, sempre existem situações vivenciadas no dia a dia que ficam na memória. No jornalismo não é diferente. Cada profissional tem sua forma de escrever, de entrevistar, de anotar... e até de guardar seus pertences. E eu, como ser comum, não poderia ser diferente. Eis que para guardar minhas coisas no trabalho, sempre procurei ser racional e organizado.

Após certo tempo na mesma empresa, a gente começa a juntar uma série de coisas, de forma que parte delas não são tão necessárias, mas passam a compor o cenário do local de trabalho. Eu tive, por vários anos, uma enorme caixa de papelão, retangular, que deveria ter 1,5 metro por uns 90 centímetros. Usava-a para guardar blocos de anotações que entendia que, um dia, ainda poderiam ser usados para verificação, alguns livros, fotocópias de reportagens e, até, vejam só, um pedaço de cadeado e outro de grade (recordações de duas cadeias anexas a delegacias e que, ao serem "desmontadas", guardei como recordação.

Mas com o passar do tempo, muita gente mudou na redação, estagiários passaram, funcionários de diversos setores mudaram... Assim, não restou outra alternativa para explicar a existência da tal caixa, já com ares de caixão. Ao perguntarem o que nela havia, a resposta passou a ser rápida e rasteira: restos de um corpo, que retirei de um local de assassinato.

 Assim, a caixa, caixão passou a ser um tipo de lenda urbana jornalística. Assim, a cada nova pessoa que aparecia, a história do caixão era relatada. Nem o pessoal da limpeza ousava pôr as mãos nela. E assim ficou por muito tempo, até que a joguei fora. Pensam que o conteúdo foi embora? Não...Arrumei uma caixa menor, joguei algumas coisas fora, mas continuei com outras, ainda. E acho que por um bom tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário