segunda-feira, 25 de junho de 2012

Munição de fuzil e Hosmany Ramos

Após alguns anos de cobertura jornalística, poucos, na verdade, tive minha primeira experiência com um caso em que foram usados fuzis. Foi em uma manhã fria de domingo, em Campinas, perto de uma base da empresa de segurança Brinks, que vi os primeiros cartuchos deflagrados de munição 5.56 - usada em fuzis. Eram os anos 1990, mais ou menos na metade da década.

A quantidade de cápsulas deflagradas, no Jardim Aurélia, era espantosa. Policiais militares e civis no começo da manhã na Rua Concheta Padula. Muito mistério em relação à munição até então muito rara. Nem eu podia entender o que ocorrera. Após uma conversa informal com a delegada Maria Fernanda, pude deduzir que algo, realmente grande, havia ocorrido.

Durante todo o dia fiquei a apurar o caso. Na época, não havia internet e as informações de fora da cidade chegavam por telex. As máquinas barulhentas traziam informes de todos os lados. Apenas no final da tarde, pude ter ideia do que ocorrera, após juntar diversos fatos, como se fosse um quebra-cabeça. E o caso era, efetivamente, grande.

Tratava-se, nada mais, nada menos, de ter como envolvido o ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos. Ele, na época, estava envolvido no sequestro de um cafeicultour do Sul de Minas Gerais. O desfecho do caso foi em Campinas. Hosmany e um comparsa foram presos após confronto com policiais mineiros do Deoep. Eram destes agentes as munições deflagradas achadas no bairro campineiro. Durante o embate, Hosmany e o comparsa foram baleados. Mas socorridos ao Hospital de Base da cidade mineira de Pouso Alegre.

Apenas na noite é que se pôde descobrir esta relação de Hosmany com os tiros de fuzil. Foi após este confronto que o sequestro terminou. E a Polícia de Campinas nada sabia sobre a ação dos colegas mineiros. Hosmany, um médico e playboy dos anos 1970 e que enveredou pelo mundo do crime, inclusive com roubo de avião, estava preso, após a ação em Campinas. Pois é: um criminoso famoso em uma história em que eu apurava. Foi uma grande surpresa. Jamais iria imaginar que Hosmany escreveria depois livros, fugiria para fora do país e continuaria na mídia.

Um comentário:

  1. só tem um porem, ninguém sabia que o individuo preso era o medico Hosmany ramos, vc sabe quem identificou ele?. Quem levou o mérito foi um delegado mas na verdade foi um investigador amigo nosso que já esta aposentado e humildemente deixou o mérito para a autoridade KKKKKKK.

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