segunda-feira, 11 de junho de 2012

Golpe do bilhete e a ganância

Desde que me recordo, lá pela metade dos anos 1980, quando comecei oficialmente no jornalismo, um golpe permeia o cotidiano. É o que envolve o bilhete, o golpe do bilhete premiado. E não me digam que em eras de tecnologia avançada, como em 2012, ele não mais seja aplicado. Como, podem me perguntar? Quando todo o mundo, com a globalização, tem acesso à informação, o que motiva uma pessoa a cair na cilada? Vamos por partes, então.

Primeiro, o que vem a ser o tal golpe do bilhete. É um jogo feito, em que, geralmente, duas pessoas ardilosas participam na ação. Uma delas, que é comum fazer o papel de "caipirão", que não conhece a vida direito, com pouca instrução, que aborda a pessoa olhada como a vítima. Este bobão se aproxima, diz que tem em mãos um bilhete premiado e que precisa ir a um banco para receber o dinheiro. Mas há um problema: não tem como efetuar o saque, pois não possui conta bancária.

Assim alega que necessita de alguém para fazê-lo. Por vezes, o trapaceiro muda o roteiro. Troca a necessidade da conta em banco para uma pessoa que saiba ler e escrever, pois é analfabeto. Seguindo: como precisa de alguém para ajudar, o golpista diz que dará uma recompensa para quem lhe auxiliar na empreitada, seja no banco ou na hora de escrever algo para receber o pagamento.

Então entra o tópico dois do golpe: o trapaceiro oferece uma bonificação para ser ajudado. Diz ao alvo do golpe que dará um prêmio por ser auxiliado. Então entra, aí, o que encaro como fator ganância: a pessoa que é abordada se interessa para a ajuda, já com olho na recompensa, que normalmente, por incrível que pareça, é de um valor alto, por vezes semelhante ao do próprio prêmio do bilhetes.

Vamos ao terceiro ato: chega um segundo golpista, que também se propõe a ajudar e que, em tese, fica de olho na recompensa - tudo mentira, apenas para o eleito-vítima ficar ainda com a vontade mais aguçada. Feito isto, o bobão diz que precisa de certa quantia para abrir a conta no banco. Para tal, a pessoa lhe daria o dinheiro e ficaria com o bilhete prêmiado até que o bobão fizesse a ficha no banco e retirasse a grana. Depoies ele devolveria o dinheiro emprestado, somado a um montante sacado no banco.

E aí é que o plano fecha: o golpista pega o dinheiro da vítima e some; a vítima fica com o bilhete com prêmio em valor superior ao que emprestou nas mãos. Mas com  premiação fajuta. Então temos o quarto ponto do golpe: a pessoa descobre, depois de algum tempo, quando o golpista não retorna, que foi ludibriada.

Agora em análise racional: no mundo em que vivemos, como alguém com bilhete premiado, deixa-o nas mãos de um desconhecido, que lhe empresta uma quantia menor? E ainda diz que irá devolver o dinheiro, somado a uma recompensa? O que levou a vítima a se transformar em vítima: a bondade ou a vontade de levar vantagem sobre o suposto bobao? Vale refletir....

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