quarta-feira, 23 de maio de 2012

O queijo e o tricô na delegacia

O dia a dia do profissional de imprensa é, em geral, bastante diversificado. Mesmo que ele seja um setorista, ou seja, aquele repórter que trabalha exclusivamente, ou quase, com um só assunto. Como por bastante tempo tenho as atribuições de seguir os  fatos policiais, ou de segurança pública (como começaram a denominar pra ficar mais bonito, acho), é lógico, que guardo muitas passagens.

Desta vez quero falar sobre algumas engraçadas e inusitadas. Duas delas, uma mais recente, maio de 2012, e outro com bom tempo. Mas ambas tiveram uma mesma personagem: uma colega policial civil, que, nas duas datas, estava em plantão e fez os atendimentos.

"Eu preciso fazer um Boletim de Ocorrência para depois ir no Procon, minha senhora", afirmou o homem, meia-idade, bem aparentado, logo após entrar em uma delegacia de Campinas. A policial, uma pessoa sempre de bem com a vida, questionou ao homem qual era o assunto, antes de iniciar o BO. É lógico, precisa-se saber o assunto, para caracterizar o registro.

"Pois bem, quero o BO mesmo. Sei que é fim de semana, mas na segunda-feira, com o documento da Polícia, já posso fazer minha queixa", explicava o homem. Diante da insistência, a policial civil novamente perguntou qual era o problema. "Comprei um queijo e vei um absorvente (daqueles femininos) junto", relatou o homem, constrangido.

Diante de tal afirmação, a policial questionou se a pessoa havia guardado alguma coisa desta compra inusitada. O homem disse que sim. E lhe mostrou o queijo com o tal absorvente. Qual não foi a surpresa da policial quando olhou nas mãos do homem; o queijo estava em uma bandeja de isopor e, com esta bandeja, uma daquelas embalagens brancas em papel mais fofo e com um plástico, exatamente usadas para evitar que o alimento estrague mais facilmente. Não se pode dizer que não pareça absorvente, mas... O difícil foi explicar isto para o homem...

Já em outra oportunidade, também em período de plantão, quando trabalham menos policiais, estava a intrépida funcionária da Polícia Civil a correr para dar conta do número grande de pessoas que ali estavam para prestar uma queixa. Uma delas era um senhorinha, baixa, magra, com olhar sereno.

Enquanto as pessoas se entreolhavam e por vezes reclamavam da demora, em virtude do pequeno número de funcionários, a mulher permanecia impassível. De uma coisa ela não tirava a atenção: de seu tricô. Era bastante hábil nesta arte.

Eis que já passada mais de uma hora, aproxima-se o momento da mulher idosa ser atendida. As pessoas próximas dela começar a lhe dizer para ficar preparada, para assim que for chamada, correr ao balcão e contar sua história. Finalmente ela foi chamada. Neste momento, olhou para a policial, e, com tranquilidade, falou: "a senhora pode esperar mais um pouquinho para me atender, porque faltam pouquinhos pontos para eu acabar o tricô que estou fazendo..." A policial, diante do pedido, ficou boquiaberta. E acatou o pedido. Chamou uma outra pessoa para ser atendida antes da idosa.

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