segunda-feira, 21 de maio de 2012

A morte do presidente e o blog

Na data em que consegui chegar - e até ultrapassar!! - os mil acessos no blog, 21 de maio de 2012, permito-me relembrar um momento de minha vida, quando engatinhava no jornalismo. Foi em uma noite de 21, mas de abril de 1985. A TV ligada, 22h30. A notícia pela voz do jornalista Antônio Brito: morte do presidente eleito Tancredo Neves. O homem, civil, que depois de 21 anos, mesmo de forma indireta, fora eleito para o cargo e não assumira. Um dia antes da posse, marcada para 15 de março, foi anunciada sua doença no intestino. A partir daí, foi um martírio, apenas encerrado na data de um personagem tido como mártir - Tiradentes.

Após o anúncio da morte, uma série de pensamentos permearam minha cabeça. O que poderia ocorrer? Eu, na época representante estudantil, lembrei-me de parte das décadas de 1960 e 1970, quando houve uma verdadeira caça às bruxas no país. Com a notícia da morte de Tancredo, uma de minhas primeiras medidas foi retirar da estante os livros que poderiam ser considerados "subversivos", caso ocorresse uma ação de algum grupo.

A noite e a madrugada foram de quase vigília. Era difícil entender como o país responderia a aquele fato. E, de fato, a incógnita causava uma insônia quase que premeditada, pois, eu, em momento algum nos últimos dias, acreditava que o político internado em São Paulo assumiria o cargo de presidente. Ele que fora primeiro-ministro do governo João Goulart, deposto em 1964, não seria o mandatário da nação.

Apesar de sabedor da morte e da decretação de luto oficial, na manhã  de 22 de abril, não me fiz de rogado a ficar deitado até tarde. Pulei da cama no horário que seria normal para ir à universidade. Porém, tomei rumo diferente. Troquei, inicialmente, o campus pelo centro de Campinas. Era uma manhã fria, mas com sol. Temperatura que considerava agradável. Lembro-me das ruas vazias. Pessoas procuravam as bancas de jornais.

Eu caminhava lento, a olhar os carros que passavam. As pessoas que passavam. O mundo que girava. Qual seria o futuro do país? Esta era a questão. Até que, em certo momento, reparei em um garoto, que passou ao meu lado. Ele assoviava a canção "Coração de Estudante", de Milton Nascimento, e que fora elevada ao patamar praticamente de um hino na campanha eleitoral. Neste instante consegui entender que, como aquele garoto, o país cresceria, mesmo sem aquela personagem perdida. Apesar de ter incurtido este pensamento, que se concretizou, algo ocorreu que jamais pensaria: poder contar esta história em um espaço denominado blog, que, hoje, tenho em mãos, e com que posso, de alguma forma, ajudar a sociedade a crescer, mediante reflexão.

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