segunda-feira, 7 de maio de 2012

A altura que mete medo

Um dos meus maiores medos, se não o maior, é estar em lugares altos. A ponto de quando visito alguém que esteja em apartamento, procuro, de todas as formas, não chegar perto da varanda. Mas eis que, na profissão, existem momento em que a gente tem de se suplantar. E fazer o que integra o serviço, como forma de ser o mais profissional possível.

Assim foi com o receio com altura. Determinada manhã, ida para Piracicaba. O "Cadeião" estava a ferver. Rebelião de presos corria solta. Saí de Campinas e, cerca de 50 minutos depois, estava diante do prédio. Eis que a gritaria era intensa. Os presos ateavam fogo em colchões e cobertures. Atiravam comida em quem se aproximasse das celas.

Em determinado momento, queriam a imprensa para encerrar o motim. Mais uma vez a velha história: garantir que não sofreriam retaliações. Até este ponto, sem problemas, pois já tinha passado por situações semelhantes. Mas agora havia uma diferença. Em outros casos, entrei na ala da carceragem e perto das grades conversei com os presos. Mas agora a carceragem estava bloqueada.

Qual a única solução? Conversar com os presos pelo telhado, pela tela de arame que cobria o pátio de sol. Assim foi preciso fazer: subir uma escada longa e estreita. Chegar lá em cima e, para que tudo desse certo, ficar na parede que delimitava a cadeia. A uma altura de cerca de 5 metros. Espaço estreito para se apoiar. Ainda mais para olhar para baixo e fazer anotações, para demonstrar atenção com os homens ali encarcerados. E ventava um pouco. Ao descer deste local, estava suspergelado. Não por causa do vento. Adivinhe por que...

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