quarta-feira, 18 de abril de 2012

A tristeza de uma perda anunciada

Pedrosinho, como era conhecido, era daqueles investigadores da pá virada. No bom sentido. Jovem, impetuoso, em nenhum momento se fez valer da condição de filho de delegado para subir na Polícia Civil. Sequer pensava ser delegada. Queria mesmo era rua, correr atrás de bandido, prender traficantes, salvar pessoas vítimas de assalto.

Sempre bastante falador, quando te pegava, "senta que lá vem história". Casos mirabolantes, droga dentro de Papai-Noel e dentro de motor de carro, assaltante de banco metido a galã que ao ser preso pediu para não machucarem rosto dele, ladrão que era trombadão no Centro de Campinas e que ao ser preso levou uns "tabefes" de várias pessoas, por atacar velhinhas. Tudo isto era Pedrosinho. Conheci-o nos anos 1990.

Logo houve empatia entre nós. Eu, ainda praticamente novo de profissão na cobertura policial, o investigador me chamava de grande repórter, por sempre estar alerta e correr atrás dos casos. Eu o achava bastante empreendedor, mas, por vezes, deixava-se levar pela emoção e desguarnecia a guarda. E foi em um momento destes, em uma operação da Polícia Civil perto do Jardim Itatinga, onde era a zona oficial de prostituição, em um tiroteio, Pedrosinho foi baleado.

Naquela época eram poucos os coletes à prova de bala que o governo. Assim como armas melhores, se os policiais querem mesmo colete, precisavam comprar. Mas Pedrosinho sempre abriu mão do colete. "Pesa muito, incomoda. Troco  arma, mas não compro o colete. É coisa de governo", falava. E numa sexta-feira, baleado, morreu em hospital de Campinas. O jovem policial deixou rastro de histórias e de planos para a família, inclusive seu pai que, por anos, foi professor da Academia de Polícia. Saudades do amigo.

Um comentário:

  1. Pedrosinho, um bom amigo além de bom policial. Descanse em paz.

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