quarta-feira, 4 de abril de 2012

A camisa sagrada

Na década de 1960 um filme chamado "O Dólar Furado", história passada no Velho Oeste dos Estados Unidos, fez muito sucesso. Nele, um rapaz era salvo de um tiro por estar com uma moeda no bolso, bem no local em que o disparo acertou. Pois bem...

Estava no começo do ano de 1999. Mais precisamente primeira semana de fevereiro. Poucos dias após 340 quilos de cocaína terem sido furtados do Instituto Médico Legal (IML) de Campinas, Estado de S. Paulo. Após este crime, chefes da Polícia Civil decidiram que outras tantas drogas que havia no lugar não mais poderiam lá ficar. Foi determinada a retirada.

Eis que se montou um grande esquema de segurança para que a ordem fosse cumprida. Diversos repórteres na Rua Barão de Parnaíba, onde fica o IML, foram acompanhar a operação. Policiais muito armados. Começa a retirada. Mas em determinado momento, um fato fora dos planos. Um tiro. Saído de uma submetralhadora que um dos policiais portava. Barulho, susto, corre-corre.

Estava eu lá. Senti algo que incomodou meu pescoço, como se fosse uma linha de náilon de uma etiqueta. Olhei. Qual não foi minha surpresa ao encontrar no colarinho um pedaço de chumbo. Sim. A munição disparada bateu na grade do IML e se partiu. Um pedaço foi para cima de uma árvore. Outro acertou a frente de um hotel, do outro lado da rua.

A terceira parte? alojada no colarinho de minha camisa. Sorte ou destino? Acredito, ainda hoje, que foi obra divina. O disparo poderia me ter causado problemas na coluna vertebral. Mas nada aconteceu. E onde entra a história do dólar furado? Foi a camisa vermelha que me protegeu com sua etiqueta mais grossa. Havia ganho a camisa, no Natal de 1998, de um amigo, policial militar, que acompanhava fazia tempo em suas ações. Adib era um daqueles policiais incansáveis, boa índole, honesto e correto. Ele me havia presenteado com a camisa. E foi exatamente esta camisa, que considero ser sagrada, que me evitou ser ferido naquele fevereiro de 1999.

Depois desta data, sempre que olhava a camisa, lembrava-me do episódio. Até hoje o tenho forte em minha memória. Com a certeza de que a camisa "estava fechada", como que blindada por obra de Deus a pedido de Adib.

                                                           Em homenagem a Paulo Adib, grande homem

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