segunda-feira, 16 de abril de 2012

'Ô menino, vê a droga'

Sábado de plantão. Aquele dia em que, por vezes, se torce para tudo ficar tranquilo. Em determinado horário, começo de tarde - ainda bem! - soa o telefone. Uma voz conhecida, do outro lado, diz: "Corre pra cá que temos uns quilos de maconha apreendidos". Eu questiono: "Onde estão?". A resposta: "No 3º DP". Replico: "Mas o 3º DP não abre de final de semana".

Novamente a voz: "Não acredita em mim? Já te passei informação furada?". Percebi que era preciso ir para o local mesmo. Ao chegar lá, encontrei o investigador que me chamara. Todo paramentado de preto, com munições que compunham cintos, Lazinho fala: "Ô, menino, vê a droga". Eu olho para ele. O policial aponta para uma picape. "Sobe aí e conta", orienta.

Resolvo olhar. Também subir no veículo coberto. O cheiro da erva dominou meu nariz. Eram dezenas de tijolos de maconha prensada. Cerca de 300 quilos. Ao descer da picape, o investigador, zombeiteiro, ainda diz: "Nunca tinha visto tanto né; ficou até tonto". Era verdade. Voltei para redação e escrevi a história da apreensão. Lazinho continuou a trabalhar na Polícia Civil até os anos 2010. Sempre com as roupas pretas. Sempre com as munições.

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