segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quando o mundo parou

Vivemos em um mundo de correria, sem tempo, por vezes, de tomar fôlego para realizarmos nossas tarefas diárias e, de vez em quando, mesmo comer direito. Este cenário nos faz, cada vez mais, não nos recordarmos de determinados momentos. Ainda mais no trabalho. Mas tenho aquela "luzinha" na cabeça, que ainda, que sorte!, permite-me lembrar de várias passagens da vida cotidiana e do trabalho.

Pois bem: quem se lembra o que fazia na manhã de 11 de Setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, vieram abaixo, atingidas por aviões, em ato terrorista? Uma dica: pelo horário brasileiro, era em torno de 10 horas da manhã.... Tá difícil? No meu caso não. Pois estava, fazia cerca de 12 horas, a acompanhar um fato que mudou a vida de uma cidade, Campinas, no Estado de São Paulo.

Praticamente 12 horas antes de as torres caírem, um evento que atingiu todo o mundo, Campinas tinha sido atingida pela sua tragédia: o assassinato do então prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho (PT). Ou seja, em pequeno período, eu, como ser social, e depois  como profissional de imprensa, lidava com dois fatos históricos, um de caráter próximo (o assassinato do prefeito) e outro de nível mundial. Certeza: ambos mudaram muitas vidas.

Afinal, e o que eu fazia naquela manhã de 11 de Setembro? Participava da cobertura do assassinato do prefeito de Campinas. Sabedor desde a noite anterior do fato, após um policial me ligar e relatar o fato, sabia que no dia seguinte teria de ir preparado para tudo, pois a cobertura seria intensa. Desta forma, coube-me o acompanhamento da perícia no carro do prefeito, um Palio, e em um Vectra prata, tido, inicialmente, como usado pelos criminosos.

A minha missão depositada foi esta, uma vez que possuía bom trâmite com os policiais e peritos, o que poderia, e de fato ocorreu, facilitar a aquisição das informações. Eis que no momento em que o segundo avião colidia contra uma das torres, eu havia saído de onde estavam os veículos, um estacionamento fechado do 4º Distrito Policial (Taquaral) de Campinas, para ir tomar água dentro da delegacia, uma vez que fazia muito calor.

Ao passar diante do balcão da delegacia, onde havia um televisor, vi a cena do avião e diversos policiais e pessoas que esperavam para registro de ocorrências correrem para frente da tela. Em seguida, o replay passado pela TV CNN. Parecia algo impossível. Mas era real. Tão real quanto 12 horas antes o prefeito Toninho tivera sido executado.

Após presenciar esta cena inicialmente insólita, da torre despencando, vi a do primeiro avião. Sem conseguir até falar direito, fui ao local onde os carros eram periciados e relatei o que tivera visto. Parte dos poucos colegas de imprensa que conseguiram entrar no estacionamento para acompanhar a perícia até acharam que eu brincava, falava algo "mentiroso", talvez para tirar alguma vantagem ao falar a sós com os peritos. Mas era real. Verdadeiro. O mundo boquiaberto para a queda das torres. Doze horas após Campinas ficar boquiaberta com o assassinato de seu prefeito. Difícil esquecer o que fazia neste dia, não é mesmo?

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