quinta-feira, 20 de abril de 2017

Manhã de outono e violência: ainda não entendo o porquê

Era uma manhã de outono, segunda quinzena de maio do começo dos anos 2000, e o dia começou com céu claro e um ventinho que gelava as pontas das orelhas. E mais um dia de trabalho se desenhava. Antes mesmo de chegar na Redação, veio a informação sobre um assassinato na região do Jardim Satélite Íris, bairro da área Oeste de Campinas, distante cerca de 15 quilômetros do Centro da cidade. O carro me pegou na porta do 1º Distrito Policial, no Botafogo, e rumei para o local.

Ao chegar, viaturas da Polícia Militar, local isolado, no aguardo da perícia. A vítima, um rapaz, idade de 20 anos, com vários tiros, um deles, à queima-roupa, na cabeça. Dentre várias perguntas minhas, algumas sem respostas. Quando a equipe da Polícia Técnico-Científica chega, ao mesmo tempo vi pessoas que correram para o local, uma viela, perto de córrego, que corta a parte baixa da região. Eram parentes da vítima.

Pessoas que choravam e falavam da "má sorte" daquele rapaz, que desde bem cedo entrara para o mundo do crime. Enquanto os soluços tomavam tomavam conta do ambiente, a equipe da perícia revirava o local e o corpo. Foram constatadas 63 perfurações na vítima, conhecida por Japa. Um dos disparos, efetuado com espingarda calibre 12, abriu a cabeça do jovem, que ficou semelhante a uma melancia.

Eu nunca vira, até aquele momento, um disparo de 12 na cabeça. Nunca vira o estrago que fazia. Passei dias a questionar o porquê de tanta violência naquele local, naquele momento. Mesmo assim, fiquei por anos a fios a presenciar cenas violentas. E, até hoje, sem entender o motivo delas. Apenas com uma certeza: o homem é o único animal que mata por maldade.

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